Retomar as aulas em meio a uma pandemia tem sido, sem dúvidas, um desafio para todos os envolvidos: docentes, técnicos e alunos. Concluído o primeiro mês de aulas remotas pós período de ambientação, a Faculdade de Educação Física conversou com alguns estudantes para saber como tem sido suas novas rotinas.

 

O discente Raphael Olegário acompanhou de perto alguns dos processos de adaptação institucional para o novo modelo de aulas remotas. Ele atuou como monitor da ação de extensão "Planejamento e Design de Disciplinas Online”, curso idealizado e promovido pela professora da FEF Dr.ª Rosana Amaro, que auxiliou o corpo docente da UnB a aprimorar suas disciplinas para plataformas online. “Os professores estão se dedicando e respeitando as condições de acesso dos estudantes. O atual momento pede cooperação de todos”, observa.

 

Raphael lembra que, além das ações de capacitação de docentes, a parceria firmada entre a UnB e a Microsoft para oferecer o pacote Office 365 aos alunos e o aprimoramento da plataforma Aprender foram essenciais para possibilitar uma experiência mais rica e interativa entre docentes e estudantes. “Venho me capacitando e aprendendo cada dia mais com a utilização de ferramentas digitais variadas, anteriormente desconhecidas por mim e por muitos colegas”, conta.

 

Luis Gustavo PradoSecom UnB7

Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB

 

Como todo processo de adaptação, porém, a retomada do semestre de modo remoto também apresenta algumas turbulências e pede paciência. Na avaliação do Centro Acadêmico de Educação Física – Gestão Caracará, a volta às aulas por meio de ensino remoto foi precipitada, já que entendem não ter havido tempo hábil e estruturação para inclusão de todos os estudantes. “Alunos são prejudicados com um sistema educacional que necessita de recursos muitas vezes inacessíveis, de ambientes de estudo domésticos utópicos”, observam. Apesar disso, o CAEdF reconhece os esforços da FEF e ressalta que, mais do que nunca, a comunicação entre coordenação e comunidade acadêmica tem se mostrado importante, inclusive por meio das redes sociais da faculdade.

 

Para o estudante Jhonatan Rodrigues, o modelo de aulas remotas tem esbarrado em alguns percalços, mas também destaca algo importante: “Observo como nossa comunidade é unida, principalmente os alunos. A troca de informações e ajuda que acontece entre os discentes é muito importante num momento tão atípico. Antes já tinha uma rede de troca, agora ela é bem mais ativa”.

 

Em âmbito pessoal, Jhonatan conta que o novo modelo de aulas proporcionou vantagens. Por conta do ensino remoto, ele atualmente está em Curitiba/PR, onde consegue trabalhar e assistir às aulas em horários que se encaixam melhor em sua rotina. “Não conseguiria fazer isso no passado. Primeiro que gastava por volta de 4h em transporte para a UnB: 2h na ida, 2h na volta. Além do tempo assistindo aula, que normalmente iria das 8h às 16h”, conta. “Tudo isso refletia muito na qualidade de vida. Além de ficar muito cansado física e psicologicamente, não tinha possibilidade de ganhar uma renda a mais sem comprometer minha qualidade de vida”, pondera.

 

Para Ubiratan Menezes, discente do Programa de Pós-Graduação da FEF, a mudança para o ensino remoto tem impactado diretamente sua rotina. “O deixar de viver o espaço da universidade, seus corredores, biblioteca, grupos de estudos, pesquisa e extensão, denotam os principais limites das aulas por via remota”, opina. Por outro lado, o estudante lembra que a adaptação ao mundo virtual possibilitou ampliar a oferta e o acesso a eventos acadêmicos pelos estudantes. “Temos tido a possibilidade de, além das tradicionais aulas, participar de rica agenda de debates via programação dos grupos de pesquisa e também de eventos como a Semana Universitária”, diz.

 

Cenário pandêmico
A UnB retomou as aulas no dia 17 de agosto, após ter seu calendário acadêmico suspenso em 23 de março, por conta da pandemia de Covid-19. Após uma série de estudos realizados pelo Comitê de Coordenação de Acompanhamento das Ações de Recuperação (Ccar), a volta às aulas por meio de ensino remoto foi avaliada como a melhor alternativa para não prejudicar o ano letivo dos estudantes. Também foram abertos editais para auxílios emergenciais de apoio à inclusão digital.

 

Entre as medidas pensadas para que os estudantes não sejam prejudicados estão: possiblidade de retirada de disciplinas até o último dia do semestre letivo, sem prejuízo aos índices acadêmicos; não contabilização deste semestre letivo para o limite de tempo de permanência no curso; e suspensão da aplicação de condição aos alunos.